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Surf, quarentena, diretos no Instagram e podcasts – Marcos Anastácio em entrevista à Onfire

Durante este período de inatividade da Angels Surf School provocado pela pandemia de Covid-19, temos mantido contacto com os nossos alunos através dos diretos diários do Marcos Anastácio e dos seus convidados no Instagram da escola, às 18 horas.  E foi na sequência de um destes diretos, que gerou uma pequena polémica, que a ONFIRE MAG aproveitou a ocasião para entrevistar o Marcos, que assim passou de entrevistador no Instagram a entrevistado no site na revista.

 

TRANSCRIÇÃO INTEGRAL DA ENTREVISTA PUBLICADA NA ONFIRE:

No início dos anos 90 uma geração de surfistas “tomou posse” do surf nacional, acabando por dominar durante muito tempo e lançar uma nova realidade no nosso país, a possibilidade de se ser surfista profissional. Um dos melhores e mais carismáticos dessa geração era Marcos Anastácio, que em 1995, um dos anos mais competitivos da história do surf profissional português, foi campeão nacional. Mais de duas décadas passaram mas o reconhecimento de Marcos não desapareceu, mantendo-se como uma referência principalmente na praia que o viu crescer e onde montou a sua escola, Angels Surf School, Carcavelos. Durante esta época de quarentena este surfista tem-se mantido ocupado a fazer entrevistas em directo através do instagram da sua escola e a ONFIRE aproveitou a ocasião para falar com sobre o seu “live” mais polémico, e mais alguns temas…

 

Marcos, sabemos que foste dos primeiros a fechar a escola de surf, tens alguma data na tua cabeça de quando achas que será possível voltar a abrir?
Não tenho a certeza , mas mesmo que abra vai ser muito devagarinho pois apesar de ser ao ar livre vamos ter muitas condicionantes.

Quais são as consequências para as escolas ao fim de apenas um mês de “quarentena”?
Como todos os negócios, são devastadoras. Teremos que começar do início, um desafio.

Como te tens ocupado em casa, além de fazer os directos no instagram?
Tenho feito umas caminhadas aqui na rua, tenho lido e ajudado os miúdos na escola.

Como tem sido o feedback dos directos?
Comecei os directos com dois intuitos, passar o tempo e manter o contacto com os nossos alunos. No início entendi logo que em monólogo era bastante difícil, principalmente nos dias mais negativos. Iniciei os directos com convidados, que é muito mais fácil de fluir uma conversa e uma boa história. Falando com alguns amigos tenho recebido feedback de onde foi bom ou foi mal e assim consigo melhorar. Mas de uma forma geral tem sido positivo.

O que achaste deste último, mais polémico, com o Rui Bessone?
Polémico???? Acho que é muito pelo contrário, acho que 97% das pessoas estão de acordo com o que o Rui disse. Não existe polémica quando uma maioria absoluta concorda. Apesar de concordar com o Rui, que ninguém devia surfar, acho que não nos cabe a nós apontar nomes. Isso cabe às autoridades e às identidades que têm essa função. Mas acho que devemos passar à frente, os surfistas têm que estar todos unidos neste momento, sejam surfista de lazer, notáveis do surf, competidores, escolas de surf, surf camps, indústria do surf, todos os que estão relacionados com o surf, para defender as futuras regras da classe. Se não formos nós a indicar aos nossos governantes e presidentes de Câmaras em que condições podemos ir ao mar, e ao mesmo tempo defender a nossa saúde e dos outros praticantes, corremos o risco de alguém o fazer por nós sem conhecimento de causa.

Mudando de assunto, a tua geração era muito diferente das mais recentes. O que dirias que são as diferenças mais visíveis?
É difícil fazer está comparação porque os tempo e os meios eram outros. Acho que acima de tudo, com mais dinheiro os surfistas deixaram de ser surfista e tornarem-se atletas, o que é perfeitamente normal. O profissionalismo mais intenso permitiu a esta geração evoluir muito mais e passar para um patamar muito mais alto que o da minha geração. Na minha altura era impossível pensar que o nível ia estar onde está. Daqui a 20 anos vais perguntar ao Kikas a mesma pergunta e ele vai fazer a mesma analogia com a geração que na altura vai dar cartas. Acho que nos éramos mais surfistas na essência primordial do surf, e agora são mais atletas, mais “Ronaldos”.

O que é que a tua geração viveu que estas mais recentes não vão viver?
Nós fomos uma escada para esta nova geração e eles vão ser para outra geração. Nunca vão saber o que é dormir na praia, chegar a uma etapa de transportes públicos e comer enlatados. Nunca vão saber como é chegar ao sítio da prova e não saber onde vão ficar, ter que fazer as inscrições por fax…

Sempre foste um surfista conhecido pela sua pica de surfar, aos 48 anos, com trabalho e família, mantens essa vontade de surfar?
Claro, principalmente quando o mar está bom. O meu grau de exigência é que desceu, desci as expectativas e tenho curtido muito mais. Mas sempre que posso lá estou eu a dizer “oi oi oi oi”, esta é minha.

Outra coisa que sempre te caracterizou foi o teu conhecimento de música. Que banda sonora recomendas para este tempo de quarentena?
Música é um estado de espírito, que reflecte o espírito quando estás a ouvir. Infelizmente perdi o hábito de ouvir música em casa, só mesmo no carro e como ando muito, ou andava de carro, através do Spotify tenho ouvido muita música. Mas não em quarentena, onde prefiro podcast. Por isso, como estamos de quarentena, fica aqui a minha lista de podcasts…
– AIN’T THAT SWELL;
– DISGRACELAND;
– 27 Club;

Para terminar, quem te influência ou inspira hoje em dia?
As pessoas felizes a minha volta.

 

Podes assistir aos directos de Marcos Anastácio pelas 18 horas AQUI!

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